terça-feira, 16 de abril de 2013


                                      
Este ano, depois da primeira atividade de apresentação, decidimos abordar o tema “ÍNDIOS”. Nas artes, nas histórias, música e filosofia. Escrevemos uma história que envolvia a vinda dos índios para o Brasil, diversas aventuras e um pouco do folclore do norte, como o boto, o curupira, etc. Na “filosofia” exploramos o modo de vida em que se preserva a natureza, em que há um trabalho em grupo sempre pelo bem da comunidade, a coragem, etc.
A história foi contada em capítulos. Sempre deixando muito suspense para o encontro seguinte.Cada encontro consistia em contar uma parte da história e fazer alguma atividade relacionada com índios, folclore ou floresta.  Na primeira e segunda partes fizemos frotage (decalque) com folhas secas nos cadernos de desenho que compramos para cada uma das crianças, adoram ver como as folhas apareciam com todos os seus detalhes ao passarem o giz de cera sobre a página do caderno. Na terceira, foi a vez do artesanato, pulseiras com barbantes coloridos, colares com bambus e instrumentos de percussão com garrafas PET e arroz, areia, feijão ou pedras dentro e depois enfeitados com penas. Na quarta parte ensinamos e dançamos uma dança dos índios caiapós, do Pará, Kworo Kango, utilizando os instrumentos que fizemos.
No encontro seguinte, falamos sobre os grafismos indígenas, mostramos o urucum que os índios utilizam para fazer o vermelho, falamos também do jenipapo para o azul marinho ou preto e da argila para o branco. As crianças foram estimuladas a reproduzir os grafismos com canetas hidrográficas pretas e vermelhas, que chamávamos de jenipapo e urucum. Sempre que alguma coisa não sai com eles queriam, eles falavam, “xi, aprendi” e passaram a levar numa boa. A grande conquista foi fazê-los trabalhar sem réguas ou borrachas. Curtiram a ideia de fazer um círculo mal feito virar um caracol ou mudar a direção do grafismo porque perderam o prumo, ou ainda fazer pontinhos só para corrigir um pingo de tinta que caiu sem querer.

Hoje levamos rolos de papel Kraft com quatro faixas pintadas de vermelho e branco e entregamos tinta preta para eles reproduzirem os grafismos dentro das faixas com pincel.

Foi muito gratificante vê-los concentrados pintando um ao lado do outro, fazendo um trabalho de equipe como os índios. Às vezes precisavam de apoio para entender melhor a ideia do grafismo, mas no final fizeram um trabalho que deixou a todos satisfeitos.

 
No grupo dos menores (6 a 9 anos) estávamos com 21 crianças, a sala lotada e no dos mais velhos (9 a 12 anos) com 10.

 
Ficaram muito contentes quando dissemos que iríamos procurar alguma parede para enfeitar com os trabalhos deles.

Adoraram trabalhar com tinta. Aliás, a tinta tem um efeito mágico. As crianças adoram e as voluntárias sempre ficam estressadas e acudindo tinta derrubada aqui, crianças que se pinta ali, mas no fim das contas a diversão é garantida.

Nossos agradecimentos ao blog mania colorida que nos inspirou neste trabalho.


 

quinta-feira, 11 de abril de 2013




 A biblioteca Annelise Strauss no Centro São José recebeu este nome em homenagem a médica que morou no bairro e dedicou-se ao atendimento de crianças e jovens da instituição quando já estava aposentada de sua prática clinica e de seu outro trabalho voluntário no Lar das Crianças.



 
Esta biblioteca era um sonho antigo nosso. Teve vários momentos difíceis, mas depois de muita insistência e trabalho está começando a funcionar de forma mais rotineira.
Estamos priorizando os livros infanto-juvenis e tentando estimular a leitura dentro de todas as faixas etárias. Por enquanto, temos tido mais retorno entre os pequenos, de seis a nove anos e os de nove a doze.
Nossa ideia é programar alguns encontros com os mais velhos para tentarmos atraí-los para a leitura.
Temos tido alguns bons retornos por parte dos nossos pequenos leitores mais assíduos. Alguns levam livros mesmo sem saberem ler e tem apoio em casa de algum adulto ou irmão que lê para eles, ou simplesmente veem as figuras. Outros gostam tanto do livro que emprestam para um primo ou a mãe e com isso acabam multiplicando o número de leitores. Vários estão conseguindo cumprir os prazos e cuidar bem dos livros, o que em si já consideramos uma vitória.
Há um longo caminho, mas já demos os primeiros passos e acreditamos que estamos plantando umas sementinhas em alguns solos férteis.
     

terça-feira, 9 de abril de 2013

Chegou a hora de compartilhar


Nosso grupo de voluntárias tem encontrado tanta inspiração e respostas para nossas questões  em blogs de educadores que achamos que chegou nossa hora de retribuir. Queremos contribuir com aqueles que estiverem nessa empreitada educacional e multiplicar nossas experiências de sucesso.
Já são 10 anos de atividades com as crianças do centro São José, com grupos de idades entre 6 e 9 e entre 9 e 12. Muitos acertos, muitos equívocos, vários sufocos, diversas alegrias e bastante aprendizado. Uma troca tão rica, não deve ficar só entre nós.

Resolvemos compartilhar e para todos vocês que trabalham com crianças, posso garantir, o trabalho pode ser árduo por vezes, mas é muito, muito gratificante.
Comecei sozinha. A instituição é perto de minha casa, meus filhos já estavam mais independentes, meu trabalho tinha horário flexível e tinha chegado a hora de atender aquele chamado dentro de mim.  Doava tanto para os meus filhos que o contraste com o entorno menos favorecido, o contato com crianças tão carentes doía na alma. Uns com tanto, uns com nada. Arregacei as mangas e fui a luta.
A instituição não tinha cultura de voluntariado e eu também não, cheia de ideias e nenhuma experiência. Não preciso dizer que dei muita bola fora e muita cabeçada. Mas, fui persistente e achei o caminho.
Fui chamando vizinhas e formamos o “Grupo Encontros”. Hoje somos 6 trabalhando diretamente com as crianças um dia por semana, mais 4 trabalhando em uma biblioteca que montamos com doações e mais algumas que contribuem financeiramente para comprarmos materiais pedagógicos.
A coisa cresceu, ficou profissional. Uma reunião por semana, cada vez na casa de uma, corrente telefônica, atas, relatórios das atividades, registros fotográficos, uniforme, logotipo, etc. Hoje, somos reconhecidas pelos pais das crianças, temos o apoio e o carinho dos educadores e funcionários da instituição e recebemos muito carinho das crianças também.
Tá bom gente, claro que não sempre essa maravilha. Discutimos nas nossas reuniões, cada uma com suas ideias e paixões, tem dias que as crianças não colaboram e nada dá certo, lidamos com muitos imprevistos e às vezes ficamos estressadas e trabalhando como loucas para preparar o que idealizamos utopicamente. Afinal, estamos aprendendo no caminho. Como falamos para as crianças quando reclamam por errar: “Como se aprende alguma coisa?” e elas já sabem a resposta: “Errando”.  Mudamos a expressão:  “Xi, errei!” por : “Xi, aprendi!”
Se você é educador ou voluntário, vai gostar de saber o que deu certo e o que não deu. Nossa intenção é que essa troca ajude-o a encontrar o seu caminho.